quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Homens de Preto


A arbitragem brasileira sempre foi muito comentada e ficava entre os principais assuntos das segundas-feiras e quintas-feiras por todos os botequins e programas de debate. Esse ano, porem, ela está se superando em virar o tema da rodada. Mas, por que isso acontece tanto no Brasil? Qual o motivo das atuações estarem cada vez piores?

Para entrar nessa questão tanto discutida por todos, devemos separar em dois grandes problemas: o primeiro deles é o consequente aumento do número de erros em jogadas isoladas da partida, como pênaltis e impedimentos. O segundo ponto está no fato de os jogos terem uma quantidade absurda de faltas e a partida não fluir por aqui. Já experimentou assistir um jogo do campeonato inglês e logo na sequência um do nosso?

O motivo do primeiro ponto levantado é a tão falada profissionalização da arbitragem.  Eu não acredito ser necessária. Fazer isso sem mudar o modo em que a atividade é levada, não ajudaria em nada. O grande ponto é dar condições e deveres para que um árbitro de futebol viva somente dessa atividade. Assim ele poderá ter um foco maior em apitar e receber melhores treinamentos e suportes para realizar seu exercício principal. Você sabia que em alguns estados se precisa de 60 horas/aula para exercer a função, sendo que em outros apenas quatro são necessárias; e que a tão falada reciclagem na verdade não acontece? Qual é a obrigação do juiz de futebol ir fazer um curso para melhorar sua técnica se essa nem é sua atividade principal? Maior exemplo disso é Nielson Nogueira Dias, que apitou o tão comentado jogo entre Fluminente e Ponte Preta. Ele, na verdade, é Major da PM de Pernambuco. Foi afastado e não faz reciclagem alguma, continua a trabalhar em sua profissão a espera de poder ser colocado no sorteio novamente.

Pênalti polêmico para o Fluminense contra a Ponte Preta 

Sobre o outro ponto da arbitragem brasileira, seguem alguns números: a média, no Brasil, gira em torno 37 faltas por jogo. Se compararmos ao campeonato italiano, que é tão famoso por ter um jogo pegado onde todos os atacantes sofrem, ainda sim a média é bem menor. Por lá, são 29 faltas por partida. Esse número fica ainda mais impressionante se comparado ao campeonato inglês, que tem a incrível média de 20 infrações. Esse problema eu já não colocaria nas costas dos homens de preto, e sim do comportamento de nossos jogadores.

Revoltado André Luís adverte o arbitro com cartão amarelo em 2008.

Aqui se reclama e peita o juiz de futebol por qualquer coisa, até mesmo por um lateral que o jogador não concorde. A simulação de faltas no Brasil ocorre de maneira desenfreada, não só por Neymar (que todo mundo comenta), mas por todos que protagonizam nosso esporte favorito. Um exemplo disso são as vaias distribuídas aos famosos “cai-cai” no futebol Europeu, principalmente na Inglaterra e Alemanha, como aconteceu com Neymar nas Olimpíadas de Londres. Outro exemplo desse nosso descontrole foi o jogo entre França e Espanha. Quando a partida estava em 1 a 0 para os espanhóis houve um gol Frances legal e anulado erradamente pelo arbitro da partida. Ninguém reclamou muito na hora, muito menos ao final do jogo. Nenhum jogador saiu chiando na imprensa por esse lance, e os jornais franceses não deram um foco muito grande para o fato e creditaram suas manchetes ao jogo e ao grande resultado de sua seleção. Se isso acontece no Brasil...

É importante sim transformar a atividade da arbitragem no nosso país em algo sério para treinar e preparar as pessoas que vão executá-las, mas só isso não basta. Em paralelo a esse preparo da classe devemos mudar a cultura de nossos jogadores, técnicos e dirigentes para assim ter um espetáculo mais prazeroso para todos, tanto dentro das quatro linhas quanto para nós que acompanhamos aqui de fora, pois o jogo ficaria bem melhor de se assistir.

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