terça-feira, 16 de outubro de 2012

Brasil! Mostra a sua cara!


Após os jogos Olímpicos de Londres o que mais se tem ouvido sobre a seleção brasileira de futebol são reclamações e pedidos para que seu comandante abandone o barco. Essas manifestações vêm principalmente da torcida, e foi claramente exposta no jogo contra a Argentina em Goiânia, onde gritos de volta Felipão ecoaram durante quase todo o confronto.

Não sou um dos mais críticos ao treinador. Sempre achei a idéia tática de Mano Menezes muito correta, desde o tempo de Corinthians. Mas no Brasil o modo de jogar do técnico não vinha fazendo efeito (e coloquei vinha) pois a partir de agora esse time tem tudo pra deslanchar. Não que eu ache o Brasil a melhor seleção do mundo ou que vai ganhar a copa em 2014, mas acredito que Mano encontrou seus titulares e fazer isso quase dois anos antes é de extrema importância para todos no escrete.

Na campanha de volta do Corinthians à Serie A do Campeonato Brasileiro, em 2008, Mano tinha um padrão tático muito bem definido no time, o tão falado hoje em dia 4-2-3-1. Na época era montado por Elias e Cristian, logo à frente a linha de três com Dentinho, Douglas e Morais e mais adiantado o argentino Herrera. Em 2009 o esquema continuou o mesmo, só que com duas novas peças, o incansável Jorge Henrique no lugar de Morais e o fenômeno Ronaldo no lugar de Herrera. Jogando desta forma Mano Menezes levou o time de Parque São Jorge aos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil daquele ano.

Dupla comemorando gol de Cristian, fato que foi comum ao longo da parceria.
Na seleção, desde o primeiro jogo em 2010, contra os Estados Unidos, o treinador tem procurado os jogadores ideais para montar seu esquema tático. Nos primeiros jogos, ou seja, até a Copa América de 2011, o técnico tinha uma base nesse esquema montada por Lucas Leiva e Ramires; Robinho, Ganso e Neymar; e mais adiantado Alexandre Pato. Com as corriqueiras lesões de Ganso e Pato outros nomes foram sendo testados como Elias, Hernanes, Carlos Eduardo, Elano e Renato Augusto no lugar de Ganso e Leandro Damião, Nilmar, Jonas e Fred no lugar de Pato. Ao todo foram oito jogos antes da competição continental e o Brasil não convencia, ganhando apenas de adversários inferiores, pois quando enfrentava seleções de mesmo nível perdia ou empatava, como com a França, Argentina e Holanda.

Na Copa América, com Ganso e Pato disponíveis, Mano utilizou sua formação chamada de ideal. A equipe teve poucos momentos bons durante toda a competição e perdeu na fatídica decisão de pênaltis onde desperdiçamos todas nossas cobranças. Depois disso outros jogadores foram ganhando seu espaço como Sandro no lugar de Lucas Leiva, que se machucou, e Hulk no ataque no lugar de Robinho.

Independentemente das mudanças que eram feitas a seleção não encantava e não conseguia os resultados esperados. Mas, por que o esquema de Mano dava tão certo em clubes e não vinha funcionando na seleção? Pegando novamente o Corinthians de 2008 e 2009 como exemplo, qual era o grande diferencial daquela equipe? Eram os volantes, ambos sabiam marcar e sair para o jogo chegando como homens surpresa no ataque e desmontando a defesa adversária. No Brasil Mano colocava Lucas ou Sandro sempre como primeiro volante e esses dois jogadores não têm essa característica. Outro grande problema que acontecia nesse esquema era colocar Neymar preso do lado esquerdo do campo, já que nessa formação os dois meias que jogam pelos flancos têm que se dedicar muito a marcação. Desse modo o treinador limitava nosso melhor atleta, além de ter uma referência mais estática na área, fazendo assim a equipe ficar sem mobilidade, ou seja, facilmente marcada pelos adversários.

Eu sei que foram apenas dois jogos, contra Iraque e Japão, mas esses problemas que o Brasil encontrava desapareceram. Com Ramires e Paulinho, Mano restabelece uma dupla de volantes que sabe tanto marcar como chegar à frente. Montando a linha de três homens com Kaká, Oscar e Hulk além de não “prender” Neymar na esquerda o técnico ainda ganha a qualidade técnica de ter dois meias em campo e com o nosso grande jogador a frente, com liberdade para se movimentar, o ataque Brasileiro fica cada vez mais imprevisível, infernizando a defesa adversária.

Paulinho comemora seu segundo gol pela seleção.

Voltando as criticas que citei ao treinador no lá no começo, temos agora que saber elogiá-lo. Ele colocou um time sem atacantes, enquanto toda a pressão de torcedores e especialistas era para uma convocação de Luis Fabiano ou Fred que vêm jogando muito no Campeonato Brasileiro. Claro que ele sempre vai convocar um “camisa nove” como alternativa, mas para o time titular acredito que esses dois nomes estão cada vez mais longe. Além disso, o técnico convocou Kaká sem o jogador estar jogando, pois quando saiu à convocação da seleção, a única partida que o meia havia feito era um amistoso contra o Milionários da Colômbia. A grande maioria criticou Mano Menezes, e acho que as cobranças foram justas, pois ele mesmo tinha colocado que só iria convocar jogadores com sequência de jogos em seus clubes, mas querendo ou não ele arriscou e para mim acertou na mosca.  Kaká era uma peça que faltava no Brasil, ele deve ajudar muito com sua experiência e liderança além de ter uma técnica destacada, que não é segredo para ninguém.

Com essa definição acredito que Mano Menezes já tem 99% do seu time titular para a preparação visando a Copa das Confederações e Copa do Mundo. Digo 99% pois considero que temos uma única posição em aberto no time, a de goleiro. Por sinal acredito que o melhor arqueiro brasileiro na atualidade não vem sendo convocado por Mano: Diego Cavalieri. Mesmo assim a base da seleção já está definida e dois anos antes da Copa, o que é muito importante para chegar em 2014 muito bem entrosados e tentar igualar as grandes seleções do futebol mundial, que ainda são Espanha e Alemanha.

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