No inicio
desta semana foi realizado um fórum para a discussão sobre melhorias urgentes
para o calendário do nosso futebol. Dividido em dois dias estudiosos sobre o
tema, imprensa e profissionais da área debateram sobre alternativas para salvar
o principal esporte brasileiro.
Essa
bandeira é levantada aqui pelo blog desde o primeiro post, assim fomos ver de
perto o seminário e acompanhar as opiniões de todas as áreas.
Dezenas
de propostas sobre um novo calendário foram enviados à Trevisan e Pluri, que
organizaram o evento, e de todos os projetos os seis melhores foram
selecionados para apresentarem durante o evento.
Evento realizado pela Trevisan e a consultoria Pluri em São Paulo. |
Todos
tinham alguma diferença, entretanto alguns consensos foram observados. O
primeiro deles e o mais crucial foram os períodos de férias e pré-temporada com
30 dias para cada um obrigatoriamente. Outros pontos comuns foram o respeito as
datas Fifa, uma temporada maior aos clubes pequenos e o remanejo dos estaduais
para todas as datas caberem em 365 dias no ano.
Alguns
sugeriram estaduais mais curtos, outros com os grandes entrando no final e até
mesmo um estadual só para time menores como base das divisões nacionais.
Ainda no
primeiro dia ocorreram dois debates com a participação de estudiosos como Amir
Somoggi, Fernando Ferreira e Luis Filipe Chateaubriand e comentaristas
esportivos como PVC, Paulo Calçade e Paulo Massini.
Especialistas e comentaristas debatem sobre as melhorias. |
A
adequação ao calendário Europeu não é uma unanimidade, contudo a redução de
datas para ocorrerem os eventos de seleções no meio do ano como Copa do Mundo,
Copa da Confederações, Copa América e Olimpiadas, é necessária.
Outro
ponto que passa pela pausa de Junho e Julho é a internacionalização das marcas
dos clubes brasileiros. As excursões para fora do país em conjunto com a pré-temporada
europeia foi colocada como alternativa para fazer com que os clubes cresçam
para fora das fronteiras nacionais. Além da divulgação, a parte financeira dos
clubes também agradeceria, já que esses torneios amistosos pagam uma quantia
considerável e apresentaria uma nova renda para as equipes brasileiras.
Uma visão
importante colocada pela maioria dos participantes é que os pequenos não
precisam fazer jogos com os grandes para sobreviver e ao contrário disso essa
dependência vem “matando“ os clubes menores. Criar uma rivalidade regional e
local entre times do mesmo tamanho traria uma maior receita e cativaria o
público local. Somado a isso é importante dar a esses pequenos a oportunidade
de ganhar um título e com os grandes em todos os torneios esse fato fica quase
impossível.
No
segundo dia o foco ficou para os profissionais de dentro do futebol como
presidentes e dirigentes de clubes, atletas e federação. Participaram o
mandatário do Bahia, Marcelo Guimarães, os dirigentes de Botafogo (Sidnei Loureiro),
Fluminense (Rodrigo Caetano), Palmeiras (José Carlos Brunoro) e Flamengo
(Wallim Vasconcellos), e o atleta Paulo André do Corinthians.
Wallim Vasconcellos e Brunoro opinam sobre o tema. |
Inicialmente
o foco da discussão ficou sobre a preservação dos atletas e consequentemente
uma maior qualidade do espetáculo. O ponto mais solicitado pelos convidados foi
a pré-temporada bem estruturada e um menor número de jogos durante todo o ano.
Observado durante todo evento as equipes maiores deveriam ficar entre um mínimo
de 50 jogos para um número máximo de 70 partidas.
Sobre a
ótica dos dirigentes foi claro o receio de bater de frente com as federações e
a CBF. Todos que participaram defenderam uma mudança no calendário e
readequação dos estaduais, todavia disseram que não vêm uma mudança a curto
prazo já que acham difícil uma união dos times para tentar modificar o que se
constatou de inapropriado. A Copa do Nordeste foi citada como boa alternativa,
contudo só com a mudança dos estaduais, os regionais poderiam ser disputados.
Resumindo
o seminário o especialista em Gestão e Marketing esportivo, Amir Somoggi
apresentou em dados financeiros a perda dos clubes brasileiros com o caótico
calendário. O número é impressionante, entre 2003 e 2011 as equipes nacionais
deixaram de ter em suas receitas 2,6 bilhões de reais só em relação aos
problemas de calendário.
O fato é
que nosso futebol está ficando cada vez mais desvalorizado, com médias de
público e qualidade cada vez mais baixos. 40% do ano é ocupado com torneios sem
importância tanto para os clubes maiores quanto para seus torcedores. Se isso
não for modificado, o produto futebol brasileiro ficará cada vez mais
desvalorizado perdendo espaço para torneios do exterior e até mesmo outros
esportes.